quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

tempo... falta de tempo... a mais...


Numa terra longínqua vivia um sábio sempre acompanhado do seu discípulo, Tomé. Tomé ia à escola e ajudava o sábio em casa, que era já dono de uma idade avançada. Aprendia a viver em cada momento na presença do mestre. Cada dia reservava-lhe uma nova e importante lição.
Certo dia, inquieto, pediu aconselhamento ao sábio:

- Mestre, não tenho tempo para estar com as pessoas... para dar de mim às pessoas... aos meus amigos. Estou o dia inteiro ocupado. Tenho aulas, depois os trabalhos e mais aulas... depois tenho de estudar e fazer mais trabalhos... depois venho para casa trabalhar e ajudar-te porque sei que necessitas de mim ao pé de ti... e depois tenho os meus problemas... e quando não me resta nenhuma tarefa já estou tão cansado que só quero é repousar… Então? Não posso fazer nada! Não tenho tempo !!! Não sei o que posso fazer. Se o dia tivesse mais umas horas…

O sábio reflectiu por uns momentos.

Então, levantou-se e remexeu num dos armários retirando dele um frasco grande de vidro, e três sacos. Depois colocou o frasco em cima da mesa e retirou de um dos sacos pedras preciosas, grandes e de valor incalculável, colocando-as dentro do frasco até não caber mais nenhuma. Então, apontando para o frasco recheado das maravilhosas pedras, perguntou ao discípulo:
- Está cheio?
O discípulo, inocente, respondeu confiante:
- Claro que sim!
Então o sábio retirou do segundo saco pequenos berlindes de todas cores, colocando-os com cuidado dentro do frasco. Os berlindes foram caindo e preenchendo os espaços livres entre as magníficas pedras preciosas até não caber mais nenhum. Então, apontado para o frasco, o sábio questionou novamente o seu discípulo:
- Está cheio?
O discípulo olhou o frasco. Os berlindes ocupavam agora todos os espaços existentes entre as pedras. Então respondeu:
- Agora está mesmo cheio!
Então o sábio pegou no terceiro saco e despejou cuidadosamente a areia nele contida para dentro do frasco. Esta foi descendo e ocupando os espaços ainda livres entre os berlindes e as belas pedras preciosas até não haver espaço para mais areia. Então perguntou ao discípulo:
- Então, e agora? Achas que ainda cabe mais alguma coisa?
O discípulo, reflectiu por uns instantes, olhou o mestre e respondeu:
- Talvez haja espaço para mais qualquer coisa.
-Ahhh!... – exclamou o mestre – Agora vamos experimentar de outra forma.
Despejou então o frasco em cima da mesa e separou minuciosamente a areia, os berlindes e as pedras. Depois de tudo separado despejou então a areia no frasco retirando mais alguma de dentro do terceiro saco até encher o frasco. O estudante exclamou então:
- Mas assim não há espaço para as pedras preciosas. Não podemos desperdiçar algo tão belo!!!...
O mestre sorriu, agradado com a resposta do discípulo. Respondeu então:

- Este frasco transparente, sem cor, é como a nossa vida que podemos embelezar com pedras preciosas, berlindes, areia e até algo mais para que haja espaço. as pessoas, quando verdadeiras, são das maiores "pedras preciosas" com que podemos embelezar a nossa vida. Temos de ter o cuidado de colocar as pedras preciosas antes dos berlindes e da areia. Se colocarmos primeiro a areia corremos o risco de ocupar o espaço necessário para as pedras preciosas e, deste modo, ficarmos com uma vida sem cor e sem sentido.
Após estas últimas palavras, o discípulo agradeceu ao mestre esta importante lição, acrescendo e retirando-se sorridente…

5 comentários:

Anónimo disse...

História mais que linda (:
De um modo simples digo-te isto... Tenho uma pedra preciosa (ja' partida pela tua empregada mas continua linda!) na minha mesinha de cabeceira...
Porque a pessoa q ma deu, e' uma pedra preciosa no meu frasco! :) Beijinho*

Ana Rita Valente disse...

pois é... o senhor Mestre tinha imensa razão e o discípulo Tomé andava mesmo a confundir tudo... o "pior" de tudo é que a vida não se pode representar por um frasco de vidro... um frasco de vidro é estático, tem sempre a mesma forma... "só" depende da forma como arrumamos as coisas (as pedras mais preciosas, as menos preciosas, a areia e a água...)... a nossa vida é tão "elástica", mutável e coisas que tais, que um dia podem caber muitasss pedras, no outro apenas algumas... num outro só apenas a areia e ainda num outro só lá temos água... (falo em água porque na história que eu conheço o Mestre ainda preenche os espaços da areia com água...)... por isso, se fosse tudo tão "simples" como encher um frasco de vidro com pedras, se calhar a vida não tinha tanto de vida...
apesar da minha "discórdia" perante esta história (porque acho que pinta a coisa demasiado "fácil"...) ela também nos ensina outras coisas igualmente importantes: a ordem de colocação das pessoas na nossa vida tem, de facto, de ser essa... o mais precioso, mais essencial primeiro... (o que não é assim tão simples, porque o precioso nem sempre se revela como tal...)
e, este nosso frasco-de-vida (ou saco, ou algo mais mutável) às vezes é remexido de tal maneira que baralha as pedras todas... calhaus com pedras preciosas, areia com água... e arrumá-lo parece uma tarefa árdua... mas consegue-se... talvez não da mesma maneira (ou talvez sim...)... resta-nos pensar primeiro na essência, no precioso... como é que isso se faz? não sei... acho que temos de ouvir mais o Mestre...

Ana Rita Valente disse...

fui rápida a publicar o comentário e "esqueci-me" de escrever uma coisa...
beijo grande grande e abraço forte (com beijos de borboleta nas orelhas!) tem força para colocar as tuas pedras no lugar a que pertencem...

nuwanda disse...

Grande ensinamento esse...
quantas vezes nao começamos qpelas pequenas coisas e depois queremos enxermo-nos com as grande e já nao temos espaço para elas...
Espero que neste ano tenhas muitas pedras grandes para por nesse teu vaso lindo... e só depois as pequenas lhe dêm o toque final...

um Grande Abraço Amigo

Celinha 007 =) disse...

Porque tu és sem dúvida uma pedra preciosa na minha vida... =) * Bom Ano meu lindo =P *